Tome um Vallium antes de ler...

2006/07/14

Rãs em marinada de coentros

O êxito da minha última receita foi tal
(ainda hoje recebi um mail do Príncipe Hiroito a dizer que vai já ordenar que "A maldição de Liotard" seja confeccionada como prato principal no banquete que vai oferecer em honra do Presidente Bush, durante uma visita relâmpago deste para ver se está tudo bem no Japão...)
que não resisto a colocar aqui uma outra receita que me foi transmitida por um eremita inguchétio há anos, durante um retiro espiritual que fiz na Inguchétia a mando do Bispo de Leiria.
Pois bem, aqui vai...
1- Apanham-se rãs, de preferência num charco de meia cura. É imprescindível que as rãs sejam colhidas ao pôr do sol por virgens louras e descalças. O pormenor da ausência de calçado é de enorme importância, segundo me foi referido pelo eremita. Na altura não percebi porquê, mas depois da minha primeira experiência com virgens louras e descalças topei logo!
2- As rãs devem ser apanhadas vivas e sujeitas à tortura do sono durante, pelo menos, um quarto de hora
(as rãs dormem pouco e à escala do diminuto tamanho do seu corpo, portanto, um quarto de hora de privação de sono equivale a dias e dias sem dormir para um ser humano adulto.)
3- Enquanto estão atordoadas com a falta de sono, canta-se-lhes um novena inteira e dá-se-lhes uma porrada com um martelo de montar perfis de alumínio. Desta maneira obtem-se uma mistura muito homogénea com um intenso sabor a canela. Vá-se lá saber porquê! O eremita guardou o segredo sobre a origem deste efeito.
4- Depois de desferido o golpe na última rã, prepara-se uma mistura de alho, cortado em "bloomingdale"
(para conhecer esta técnica, cf. Haute Cuisine for Dummies, de Sir Connan The Magnificent, edição pirata de 1876.) Juntam-se-lhes ainda rebentos de soja, muito frescos, manteiga meio-sal, pâncreas de bode, orelhas de morcego, olhos de corvina, bosta de cabra da Manchúria Ocidental e pés de galinha poedeira.
5- A mistura deve ficar pronta apenas pelo simples acto de misturar estes ingredientes. Há uma magia garantida que resulta do simples facto de colocar estes ingredientes em contacto uns com os outros. Que querem?! É assim, é mágico!!!!
(se por acaso os ingredientes não se misturarem, não houve, em defintivo, magia! Isso é grave. Sugiro àqueles a quem isto aconteça que meditem profundamente sobre o seu percurso na vida...)
6- Escolhem-se duas laranjas bem grandes, de casca muito fina e doces. Faz-se com elas um sumo, coloca-se gelo, junta-se-lhe uma boa dose de vodka (de preferência de muito boa qualidade) e beberica-se, entretanto, enquanto se finaliza o preparado.
7- Conduz-se um bando de perús para o charco onde antes estavam as rãs. Esta operação não tem de ser efectuada pelas mesmas virgens (podem ser outras) que apanharam as rãs, mas os perús vão de forma mais dócil se forem elas... Está provado!
8- Chegadas ao charco as virgens despem-se
(já estão descalças, lembram-se?).
9- Entretanto, já se tinham colocado de lado três bons peros bravos de Esmolfe, duas papais, um rim de rato da Índia, 250 g de amendoa ralada e um côco
(é imprescindível que o côco esteja inteiro!)
11- Colocam-se estes novos ingredientes numa panela grande e cozem-se. Salvo o côco!
12- Depois de cozidos, juntar-se-lhe-ão as rãs e a mistura referida em 4. Dá-se com o côco, com muita força, na própria cabeça para ver se dói
(em alterrnativa pode-se utilizar nesta operação o martelo para montar perfis de alumínio usado em 3, se não for época de côcos.)
13- Se doer, então confirma-se: não estamos loucos!
Sirva-se frio enquanto bebericamos o resto do vodka-laranja, preparado previamente, e as virgens nos aguçam o apetite.

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