Tome um Vallium antes de ler...

2006/07/12

A maldição de Liotard

A pedido de várias famílias vou-vos aqui e agora dar a receita de um pudim que se chama, como se indica em epígrafe, muito apropriadamente, A Maldição de Liotard. Dedico-a a um grande representante da fantástica Liga dos Pensadores Maiores da Baixa da Banheira, o meu precioso amigo Miguel Bombardino, membro emérito e benemérito da Raia de Alhada.
Ora então é assim:
1- Descascam-se três boas batatas. A casca deve ser retirada com muito cuidado pois será necessário voltar a colocá-la.
2- Abre-se uma lata de atum. Com cuidado também pois será necessário voltar a fechá-la. Bem sei que isto é uma operação delicada e perigosa, mas há que tentá-lo.
3- Lavam-se as mãos e secam-se com uma toalha felpuda.
4- Misturam-se as cascas da batata com 100 g de chantilly, bem batido.
5- Nessa altura, e depois de verificar que as cascas estão bem misturadas com o chantilly, é que se colocam de novo as batatas na sua própria casca. Sugiro que marque com uma daqueles marcadores para DVD a que batata pertence cada casca, para não haver enganos. Nada pior que falta de método e bagunçada na cozinha!
6- Terminada esta operação, escolhem-se uns bons olhos de couve portuguesa e cozem-se em vapores rutilantes ou de mercúrio, conforme a disposição de momento.
7- Juntam-se o chantilly que sobrou, as batatas
(en su casca!)
a lata do atum, mas não o atum! Observa-se a mistura de vários ângulos.
8- Nesta altura o atum já deve ter marinado o suficiente
(acho que me esqueci de dizer para marinarem o atum depois de retirado da lata, mas não faz mal. Marinem-no agora! Usem uma taça de champagne bem grande. Usem champagne! Usem óleo de linhaça! Por amor de Deus, sejam afoitos e criativos!!!!!!!)
9- Escolham uma dúzia de ovos bem grandes. Separem as gemas das claras. Guardem as cascas.
10- Recoloquem as cascas nos ovos, mas só com as claras. Usem as gemas para fazer gemadas.
11- Passem 100 g de farinha de primeira
(self-raising!)
por uma peneira fina.
12- Voltem a peneirar mais uma vez.
13- Peneirem os ovos! Peneirem as batatas! Peneirem o atum marinado! Peneirem a lata, se conseguirem!! Peneirem tudo, bem peneirado!!!!
14- Recolham a mistura num recipiente de ir ao forno e coloquem-na dentro do dito, deixando-a uma hora a, pelo menos, 850º C.
15- Sirvam quente porque frio perde a graça toda...
Eis A Maldição de Liotard!

2 comentários:

Miguel Bombardino disse...

Pois vou ter de postar um comentário a essa magnífica Maldição do Liotard, exemplo sublime dos inegáveis dotes culinários do amigo inkisitor e notável instância daquilo que os antigos (e alguns modernos) chamam a Cozinha Reversível! Pois essa receita, que me lembra bastante de uma outra que encantava os meus dias de menino, essa da autoria do meu tio Rafael, que usava o seu misturador de cimento para a confecionar. Tratava-se de uma Zarzuela de Fricassé de Perna de Alce que ele tinha aprendido a confecionar durante a sua participação na corrida ao ouro do Klondike. Claro que também se tratava de um prato de confecção delicada já que era necessário que o Alce em questão alçasse a perna para dentro do misturador de cimento o que não era exactamente um processo escorreito de por em prática. Por isso nunca provei desse famoso fricassé, se bem que ainda me faça crescer a àgua na boca sempre que vejo um misturador de cimento... Uma maldiçáo comparável à do Liotard?
UB the judge!

Anónimo disse...

Ganda Bombardino!
Anda que cá te espero!!