Histórias estivais -- afinal ficámos pelas meias finais!

O verão aproximava-se e estava gordo que nem um porco. Heitor comia sem cessar tudo o que lhe passava à frente. Jurara, entretanto, que com o aproximar da época balnear e a consequente necessidade de expor o seu corpo iria ter de fazer qualquer coisa. Iniciou então um regime apertado de dieta. Rigorosa. Implacável! Tentou tudo. Não houve produto ou método mais ou menos caseiro que não experimentasse. As saladas provocaram-lhe maçadoras infecções intestinais que lhe deixavam o trânsito intestinal num estado em tudo semelhante ao que se passa na 2ª Circular às 18h de uma sexta feira. O Herbal Life causava-lhe gases. O copo de água provocou-lhe o aparecimento de uma barriga de água que, ao rebentar (ele pareciam os diques holandeses em dia não!), provocou uma das cheias mais aterradoras que a região onde vivia jamais experimentou.
Heitor estava desesperado.
Esta história, contudo, tem pouca coisa a ver com o que vos queria aqui contar.
Adelaide era pobre. Hernâni era rico. Cruzaram-se um dia num elevador. Acidentalmente trocaram olhares e simpatizaram um com o outro.
Mas, até esta história de Adelaide e Hernâni não tem, rigorosamente, nada a ver com o que vos queria contar aqui hoje.
(estou a começar a ficar preocupado...)
Péricles deu o seu nome a um século de ouro. Só nessa altura foram inaugurados mais caminhos, pontes, fontanários e viadutos romanos (sim, Péricles andava, ainda por cima, anos à frente do seu tempo!) que nos séculos todos que precederam o de Péricles. Um espanto! Este período ficou conhecido, de resto e como certamente saberão, pela designação carinhosa que os historiadores lhe vieram a dar de "os pré-Péricles".
Péricles, esse, exultava por ter um século só dele.
Ora, Péricles que não era parvo, sujeitou-se nessa altura a um tratamento intensivo de ultra-violetas que quase o deixou morto. Bom, pelo menos, bastante esvaído, coitadinho. Ele já não andava bem, mas com aquele tratamento então foi uma desgraça. Começou a frequentar bares de alterne. Mal cabia na toga. As narinas inchavam-lhe. As unhas pararam de crescer. As sandálias caíam-lhe dos pés em chaga. Ulisses apresentou uma queixa. Ofélia, a menina do quiosque onde Ulisses ia comprar tabaco, organizou uma abaixo assinado. Tudo se preparava para um desfecho trágico...
Eis senão quando, aparece o Silva, usando aquelas calças de ganga que não despia havia já mais de 13 anos. O Silva, com aquele seu ar bonacheirão --parece que o estou a ver!-- vira-se para o Péricles e diz-lhe: "- Ó Péricles, pá!, pareces mesmo um suíno!" O Péricles amuou e até hoje nunca mais dirigiu uma palavra ao Silva.
Quem sabe, sabe!