Tome um Vallium antes de ler...

2008/03/25

Sermões do padre António Vidigueira - Sermão de São Bartolomeu de Messines ao peixe-vómito

Estavas tu posto em teu recato quando, ó quando, te veio um vómito à boca. Cousa nada bonita de se ver, claro, mas para mim, que sou santo e sou de Messines, cousa pouca, bagatela!
Mas, que não era cousa bonita de se ver, ah! lá isso não era. Que eu aguento, que sou santo e sou de Messines, ah lá isso aguento. Mas, que não era cousa bonita de se ver, ah lá isso não era!
E por aqui seguiríamos e, quiçá, ficaríamos, não fora dar-se o caso de nos mares por onde nadas, tu ó peixe-vómito, as águas serem basto enjoativas. E aqui se começa a descortinar a origem do teu vómito. Pois que no grau de enjoabilidade das águas se situa a explicação do fenómeno. Por onde nadas. Nadas porque és peixe. És peixe porque nadas. Nada mais claro. Nada mais piscícola. Nada mais.
Engoles o próprio cerne do que a vomitar te leva.
Se algo há a tirar deste sermão --uma moral, se quiserdes-- é que por águas enjoativas se descobre o peixe. Pela boca sai o vómito. Pela boca morre o peixe. Pelo vómito morre o peixe. Na origem está o vómito, mas pelo vómito morre o peixe que, por sua vez, nada no próprio vómito que vai nascer, pois que ainda não o é. O é!
A menos que venha em nosso auxílio um qualquer anti-emético! Pela boca sai o vómito, mas pela boca pode escorregar um anti-emético e assim prevenir e suster o vómito.
Sabeide então: se estiverdes todos à beira de vos borrardes de forma vil de vómito, langonhoso e nojento, emanando dele pestilências mil, tomaide, ó sim, tomaide!, um anti-emético. E assim não ireides fazer a figurinha triste do peixinho da foto que acompanha este lindo sermão. Ó não!
A recomendação deste medicamento não dispensa a consulta ao vosso médico assistente. Ide agora, ide! E que a vossa seja uma boa tarde.

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