Tome um Vallium antes de ler...

2006/06/19

Um outro ensaio sobre a cegueira

Nasceu em Génova, em 1561, mas, diz-se, nasceu também em Cagliari em 1212. Nasceu, portanto, em dois sítios diferentes e em duas épocas distintas. Este facto teve óbvias influências na sua obra. Era um ambíguo. Um ambivalente. Um ambidextro. Um amblíope, Um “ambisgoio”, como gostava de se lhe referir Tomasini di la Frontera, seu biógrafo e, dizem alguns, seu amante. Embora aqui também se verifique um pequeno lapso. É que Tomasini nasceu, por sua vez, em Florença em pleno século XVIII.
A vida de Torresmi está pois recheada destas pequenas discrepâncias, destes pequenos lapsos, destas pequenas rasteiras históricas. Um seu biógrafo tardio, um inglês professor de história de arte no Royal College of Ambidexterity de Plymouth, chamado Denis de Saint-Maurice, caracterizou a situação de forma insofismável: era um parlapatão e nunca se sabia para onde ele ia cair. De resto, Saint-Maurice --ele próprio também meio esquivo e um pouco dado à melancolia-- sublinhava na sua extensa bibliografia de Torresmi (1438 páginas só de bibliografia!) que o pintor de Génova e o pintor de Cagliari não deveriam ser a mesma pessoa. Algo estará ainda por provar, portanto...

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